“Essa cerveja é produzida segundo a Lei da Pureza Alemã”. Quantas vezes já leste essa frase e logo pensaste que isso assegurava que a cerveja em questão era absolutamente maravilhosa? Sabes o que significa de facto a Lei da Pureza e por que ela foi criada? Então vamos à aula de história!
A Lei da Pureza, que atende pelo nome original em alemão Reinheitsgebot, promulgada em 23 de abril de 1625, na região da Baviera, onde fica a cidade de Munique, fixava o preço da cerveja e estabelecia que a cerveja só poderia ser produzida utilizando 3 ingredientes: água, malte de cevada e lúpulo (não citava a levedura, pois na época acreditava-se que a fermentação fosse uma dádiva divina).

A Reinheitsgebot foi criada, em parte, para diminuir a “competição” por outros cereais como trigo e centeio, também utilizados na produção de pão, que acabava por aumentar o preço dos cereais. Além disso, os cervejeiros da época exageravam na liberdade criativa, às vezes a utilizar ingredientes impróprios e, consequentemente, a produzir cervejas pouco seguras para consumo. Assim, a Lei da Pureza funcionou mais como uma medida econômica e uma certa garantia de potabilidade (no sentido de algo próprio e seguro para consumo) do que de qualidade no sentido de excelência, até porque restringia muito a possibilidade de criação de novas receitas e levou à extinção de alguns estilos regionais.
Quais são as matérias-primas utilizadas no fabrico da cerveja
Enfim, quase 5 séculos mais tarde a Lei da Pureza Alemã sofreu modificações e passou a permitir o uso de outros ingredientes, como o trigo e a levedura, e até hoje muitas fabricas de cerveja do mundo se enchem de orgulho para dizer que suas cervejas são produzidas de acordo com a Lei da Pureza. O que não significa que essas cervejas sejam necessariamente superiores a outras, apenas que são produzidas segundo regras de uma das escolas cervejeiras mais tradicionais do mundo e que seriam consideradas absurdas nas escolas belga ou britânica, de qualidade igualmente indiscutível.